A taxa Selic é a referência básica de juros da economia do Brasil, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A Selic influencia diversas outras taxas do mercado, incluindo empréstimos, financiamentos e investimentos, além de ter impacto direto no controle da inflação. Recentemente, especialistas têm apontado que uma possível elevação dessa taxa pode agravar o nível de inadimplência no país.
Quando a Selic aumenta, o custo do crédito também sobe, encarecendo dívidas e desestimulando o consumo e os investimentos. Isso pode ajudar a conter a inflação, mas por outro lado, dificulta a vida financeira da população, que fica mais propensa a entrar na inadimplência. O contrário ocorre quando a Selic é reduzida: a economia se aquece e o acesso ao crédito se torna mais fácil.
Pequena alta no número de inadimplentes
Apesar de um aumento modesto de 0,22% no número de inadimplentes em relação ao mês anterior, totalizando cerca de 131 mil brasileiros, especialistas alertam que esse crescimento pode se intensificar. A variação no número de inadimplentes, mesmo que pequena, reflete um cenário já preocupante para muitas famílias que enfrentam dificuldades para arcar com suas dívidas.
O economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, destaca que a manutenção das dívidas em níveis gerenciáveis pode estar em risco caso o Banco Central decida por um aumento da Selic. “A elevação da Selic poderá tornar as dívidas mais caras, especialmente aquelas com prazos mais curtos, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial”, aponta Rabi.
Além disso, essas modalidades de crédito, que são frequentemente usadas por pessoas que já estão com dificuldades financeiras, se tornariam ainda mais onerosas, dificultando ainda mais o pagamento das dívidas e aumentando as chances de inadimplência.
Efeitos potenciais do aumento da Selic nas dívidas
A elevação da Selic, que hoje já está em um patamar elevado, poderia tornar as dívidas mais caras, especialmente aquelas com prazos mais curtos, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial. Essas modalidades de crédito, que são frequentemente usadas por pessoas que já estão com dificuldades financeiras, se tornariam ainda mais onerosas.
Luiz Rabi explica que o impacto de um possível aumento da Selic seria mais severo em um cenário de aumentos consecutivos. “Se o Banco Central optar por uma sequência de elevações na taxa de juros, podemos esperar uma desaceleração mais acentuada da economia, o que pode levar à recessão e, consequentemente, ao aumento do desemprego”, afirma Rabi.
O planejamento financeiro torna-se, portanto, uma questão de sobrevivência para muitas famílias que já estão endividadas. A curto prazo, a recomendação é tentar renegociar dívidas para evitar que elas se transformem em uma bola de neve com o aumento dos juros.
Desafios para as famílias endividadas
A planejadora financeira Leticia Camargo, certificada CFP, ressalta que o aumento da Selic pode gerar um efeito cascata nas taxas de empréstimo. Segundo Camargo, “se as taxas de juros subirem, as parcelas dos empréstimos também irão aumentar, o que pode comprometer o orçamento das famílias, levando-as à inadimplência.”
Camargo também menciona que, mesmo que a Selic não seja elevada, a situação continua desafiadora para os endividados. “A taxa de juros já é alta no Brasil, então, manter a Selic no nível atual pode aliviar um pouco a situação, mas ainda será um grande desafio para as famílias conseguirem pagar suas contas”, destaca a especialista.
Para enfrentar esse cenário, é fundamental que as famílias tenham um planejamento financeiro detalhado, que priorize o pagamento de dívidas com juros mais altos e evite novos endividamentos desnecessários. Outra recomendação é buscar alternativas de crédito com custos menores, como empréstimos consignados ou financiamentos imobiliários.
Um cenário de risco
A combinação de uma economia desacelerada, taxas de juros elevadas e desemprego pode criar um ambiente propício para o aumento da inadimplência. As famílias brasileiras, já pressionadas pela alta dos preços e pelo custo de vida, podem se ver em uma situação ainda mais complicada caso as previsões de aumento da Selic se concretizem.
Analistas financeiros reforçam que é essencial que as famílias mantenham um controle rigoroso sobre suas finanças, priorizando o pagamento de dívidas com juros mais altos e evitando novos endividamentos desnecessários.
Os especialistas recomendam também que as famílias busquem renegociar suas dívidas com os credores, tentando alongar prazos e reduzir taxas de juros, quando possível. Além disso, é prudente constituir uma reserva de emergência para cobrir despesas imprevistas e reduzir o impacto de um eventual aumento da taxa Selic.
A necessidade de planejamento financeiro diante da incerteza
Em meio à expectativa de aumento da Selic, é importante que as famílias busquem alternativas para gerenciar suas dívidas de forma eficaz. A disciplina financeira e o planejamento cuidadoso são ferramentas indispensáveis para atravessar momentos de incerteza econômica.
A prudência nas decisões financeiras pode ser a chave para evitar o agravamento da inadimplência e manter a saúde financeira em tempos de juros elevados. Os especialistas sugerem que, além de renegociar dívidas, as famílias evitem gastos supérfluos e busquem aumentar suas fontes de renda, se possível.
Manter um controle rigoroso sobre o orçamento doméstico, listar todas as despesas e identificar onde podem ser feitos cortes são medidas essenciais. A aderência a um planejamento financeiro pode proporcionar uma maior tranquilidade e resiliência em períodos de crise.